Descubra como tratar anemia de forma eficaz: orientações práticas para médicos generalistas
- Melaine S Barbosa
- 23 de mar.
- 2 min de leitura

A anemia é uma das alterações hematológicas mais comuns na prática clínica, e pode ser tanto um achado isolado quanto um sinal de uma condição subjacente mais grave. Para o médico generalista, reconhecer o tipo de anemia e conduzir o tratamento de forma eficaz é essencial para melhorar a qualidade de vida do paciente e evitar complicações.
Neste texto, reunimos os principais pontos que você precisa saber para uma abordagem clínica eficiente.
1. Confirme que é anemia e classifique corretamente
Anemia é definida pela redução dos níveis de hemoglobina abaixo dos valores de referência (geralmente <13 g/dL para homens e <12 g/dL para mulheres, segundo a OMS).
Após essa confirmação, o primeiro passo é avaliar o VCM (volume corpuscular médio):
- Microcítica: VCM < 80 fL
- Normocítica: VCM 80–100 fL
- Macrocítica: VCM > 100 fL
Além disso, é essencial observar o RDW, contagem de reticulócitos, leucograma e plaquetas, o que pode direcionar a investigação.
2. Identifique a causa antes de tratar
Tratar anemia sem investigar a etiologia pode mascarar doenças graves. As causas mais comuns incluem:
- Anemia ferropriva (deficiência de ferro)
- Anemia da doença crônica (inflamatória)
- Anemias carenciais (B12, folato)
- Anemia por perda crônica de sangue
- Anemia hemolítica
- Doenças da medula óssea (síndromes mielodisplásicas, aplasia, cânceres hematológicos )
A dosagem de ferritina, transferrina, saturação de transferrina, vitamina B12, ácido fólico, reticulócitos e função renal são fundamentais na avaliação inicial. Iniciar o tratamento apos o inicio da terapêutica pode atrapalhar a investigação e retardar diagnósticos de doenças mais graves.
3. Trate de forma direcionada
Anemia ferropriva
- Priorizar suplementação oral de ferro por pelo menos 3 a 6 meses.
- Avaliar tolerância e adesão. Em casos de má absorção ou intolerância, considerar ferro venoso.
- Sempre investigar e tratar a causa da deficiência: sangramentos digestivos ocultos, menorragia, dietas restritivas, etc.
Anemia da doença crônica
- O tratamento da doença de base é o mais importante.
- Em casos selecionados, o uso de eritropoetina pode ser considerado, especialmente se houver doença renal crônica associada.
Anemia por deficiência de B12 ou folato
- Corrigir a deficiência com reposição oral ou parenteral, conforme gravidade.
- Investigar causas subjacentes como gastrite atrófica, doença celíaca, etilismo crônico ou uso de medicações.
Anemia normocítica com reticulocitose
- Pode sugerir perda aguda de sangue ou anemia hemolítica.
- Avalie bilirrubinas, DHL, haptoglobina e esfregaço de sangue periférico.
4. Saiba quando encaminhar ao hematologista
Encaminhe para avaliação especializada sempre nos seguintes casos:
- Pancitopenia ou alterações de outras linhagens hematológicas
- Suspeita de síndromes mielodisplásicas, aplasia medular ou anemia hemolítica autoimune
- Anemia refratária ao tratamento após investigação adequada
- Pacientes com sinais de gravidade (queda rápida da hemoglobina, sintomas importantes, necessidade transfusional frequente).
Conclusão
A anemia é um achado comum, mas que exige atenção e abordagem estruturada. Com uma boa investigação inicial e tratamento direcionado à causa, o médico generalista pode diagnosticar muitos dos casos e, quando necessário, encaminhar com clareza para o hematologista. Lembre-se: tratar a anemia é tratar o paciente como um todo.
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