A importância do acompanhamento hematológico durante o tratamento oncológico
- Melaine S Barbosa
- 23 de mar.
- 2 min de leitura

O tratamento do câncer, seja hematológico ou de tumores sólidos, frequentemente cursa com repercussões significativas no sistema hematopoético. Por isso, o acompanhamento conjunto com o hematologista pode ser decisivo para a condução segura e eficaz da terapêutica oncológica, sobretudo em casos de toxicidades hematológicas ou dúvidas diagnósticas.
Impactos hematológicos do tratamento antineoplásico
A quimioterapia, radioterapia e agentes imunomoduladores afetam diretamente a medula óssea, resultando em:
- Anemia: multifatorial na oncologia, podendo ser por supressão medular, hemólise, deficiência nutricional, inflamação crônica ou sangramentos ocultos. A avaliação adequada da etiologia impacta diretamente na indicação de transfusão, uso de eritropoetina ou investigação adicional.
- Neutropenia: condição comum, associada a risco aumentado de infecção, neutropenia febril e necessidade de hospitalização. O hematologista pode auxiliar na decisão quanto ao uso profilático de G-CSF e na estratificação de risco.
- Trombocitopenia: pode limitar a continuidade do tratamento e aumentar risco de sangramento. Avaliação de causas secundárias, refratariedade transfusional e definição de condutas específicas pode demandar expertise hematológica.
- Distúrbios da coagulação: pacientes oncológicos apresentam risco aumentado tanto para trombose quanto para eventos hemorrágicos. A definição de estratégias de profilaxia, anticoagulação terapêutica ou suspensão segura requer avaliação individualizada.
Relevância do hematologista em tumores sólidos
Embora o envolvimento do hematologista seja intuitivo em neoplasias hematológicas, seu papel também é crucial nos tumores sólidos. Além do manejo das toxicidades descritas, o hematologista pode contribuir em contextos como:
- Síndromes paraneoplásicas hematológicas
- Avaliação de pancitopenias persistentes
- Investigação de discrasias secundárias ou síndromes mielodisplásicas sobrepostas
- Conduta em casos de anemia refratária ou dependência transfusional crônica
- Risco trombótico aumentado (como em adenocarcinomas ou tumores de pâncreas)
Uma abordagem colaborativa
A integração entre oncologia e hematologia permite uma abordagem mais abrangente, garantindo que o paciente permaneça em condições clínicas ideais para continuar o tratamento antineoplásico sem interrupções desnecessárias. Além disso, favorece o diagnóstico precoce de complicações potencialmente graves, muitas vezes subvalorizadas nos exames laboratoriais de rotina.
Conclusão
O envolvimento do hematologista no acompanhamento de pacientes em tratamento oncológico agrega segurança, precisão diagnóstica e individualização terapêutica. Frente à complexidade dos casos oncológicos, a atuação conjunta entre especialidades é um caminho natural e necessário para promover o melhor cuidado ao paciente e uma jornada mais tranquila e bem-sucedida.
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